Falsas memórias – O que realmente aconteceu naquele dia?

por Leandro Faria Domiciano

Um período problemático, cheio de abusos e violência por parte de seu pai, um clérigo. Duas ocasiões de gravidez incestuosa interrompidas à força, inclusive com ajuda de sua mãe. Era assim que Beth Rutherford, aos 22 anos no estado do Missouri, narrava sua infância. Quando essas acusações se tornaram públicas, após aconselhamento de um membro da igreja local, o pai de Beth renunciou ao cargo na igreja e passou pela experiência da rejeição pública, o que talvez fosse merecido, se um exame médico na jovem não demonstrasse, mais tarde, que ela ainda era virgem e suas alegações não passavam de fantasias.

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Pioneira no estudo das falsas memórias, a psicóloga cognitiva norte-americana Elizabeth Loftus afirma que mesmo nossas lembranças mais enraizadas, em especial aquelas a respeito de nossa infância, podem nem sempre ser coerentes com a realidade. A sugestão ou indução de informações por pessoas conhecidas, proposital ou não, a revisitação de lembranças antigas e outras práticas a que comumente estamos expostos pode implantar ou modificar dados em nossa memória. Segundo a especialista, essas lembranças sem base na realidade passam a ser mentalmente indistinguíveis de memórias verdadeiras, e a única maneira de confirmá-las ou desmenti-las é através de evidências físicas.

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Neuroarte em destaque na Web Rádio UFABC

Na última edição do programa Café com Rosca da Web Rádio UFABC, o entrevistado foi o artista plástico e professor vinculado ao Bacharelado em Neurociência Francisco Carlos Nather.

Na entrevista, o professor Francisco comenta sua trajetória e experiência entre ciência e arte, as vantagens da interdisciplinaridade e a grande procura dos alunos pela disciplina de Neuroarte.

Quem perdeu o programa pode escutá-lo na integra aqui.

Agradecimentos:

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Cegueira à escolha: justificando escolhas que não fizemos

Por Giulia Ventorim

Caso você ainda não conheça o fenômeno denominado como “cegueira à escolha”, imagine-se na seguinte situação. Enquanto lê esse post, você fica com sede e decide pegar um copo de suco de laranja para beber. Eis que ele, repentinamente, o suco do seu copo se transformara em suco de goiaba. “Essas trocas não acontecem no dia-a-dia”, tudo bem, mas qual imaginaria ser sua reação caso acontecessem? “Ficaria assustado”, “Com certeza perceberia”, você poderia responder. Faz parte do senso comum que, se fazemos uma escolha (beber suco de laranja), notaremos se houve uma troca naquilo que decidimos (ter suco de goiaba no seu copo).MatrixBluePillRedPill

Não só o senso comum: essa teoria costumava ser aceita como essencial para a sobrevivência adaptativa. Uma publicação de 2005 na revista Science por pesquisadores suecos, porém, pode nos fazer aceitar que uma considerável parte das pessoas poderia não perceber a troca. E o mais impressionante: se perguntadas sobre o motivo, ainda justificaria sem problemas o porquê de sua escolha. Mas como isso pode acontecer?

 

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Semana do Cérebro 2015!

Atenção leitores!
Temos o prazer de convidá-los a participar das atividades de extensão da Semana do Cérebro de 2015!
Atividades:
  • Tarefas de memória;
  • Atividades de fotografia;
  • Contação de histórias e atividades de pintura (crianças);
  • Entre outras…

Todas as atividades serão acompanhadas por docentes e alunos de graduação e pós-graduação, com explicações sobre as bases neurais e a anatomia do sistema nervoso.

Onde e quando será?

Data: 14 de março de 2015

Horário: 10h às 17h

Local: Parque Raphael Lazzuri – Avenida Kennedy, 1111 – São Bernardo do Campo

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Data: 21 de março de 2015

Horário: 9h às 18h

Local: Parque do Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral – Vila Mariana, São Paulo – SP

  • Dentro do parque: Arena em frente à ponte de ferro
Público-alvo: População de todas as idades
Custo: Evento gratuito, não há necessidade de inscrição.


Participem! Tragam suas crianças! Acompanhem as divulgações na nossa página do facebook.

Um dos objetivos do projeto de extensão Pense Brain! da Universidade Federal do ABC (UFABC) em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) é trazer esse movimento global de conscientização dos avanços e benefícios resultantes dos estudos em neurociência à população das nossas cidades. O evento é uma iniciativa da Dana Foundation e ocorre todos anos, em todo o mundo!


Coordenadores do Projeto: Professoras Paula Tiba e Maria Teresa Carthery-Goulart.

Dia das Mulheres

por Alissa Munerato

O Dia das Mulheres é frequentemente lembrado por ser uma data onde as representantes deste sexo recebem flores e homenagens por serem as mães, esposas e filhas sensíveis, dispostas e empáticas, sem as quais os homens não sobreviveriam.

Compaixão, amar crianças, dependência, sensibilidade, carência. Liderança, agressividade, ambição, mente analítica, competitividade, dominância, independência. Todos sabemos a quais sexos pertencem as duas listas de palavras anteriores. Mas por que existem traços femininos e masculinos? Existe alguma razão fisiológica?

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Cientistas ao longo dos anos acreditaram que sim. Algumas diferenças foram encontradas, como diferenças hormonais que explicam parcialmente alguns comportamentos (sexuais, parentais, entre outros) e também um aumento do volume do corpo caloso no cérebro das mulheres. O Corpo Caloso é a área que conecta os dois hemisférios do encéfalo e ‘transporta’ as informações de um para outro. Isso reforçaria a ideia de que a mente masculina trabalha com as informações de maneira segmentada, o que propiciaria aos homens um cérebro propenso à lógica e tarefas pontuais, enquanto a feminina distribui a informação, o que ocasionaria em uma facilidade maior de performances linguísticas e empatia, por exemplo.

A partir de 1980 foi realizada uma série de revisões de trabalhos anteriores sobre o tema. Em 1991, com a popularização da Ressonância Magnética Funcional, os pesquisadores Katherine Bishop e Douglas Wahlsten descobriram que não havia diferenças significativas comparativamente nos cérebros de ambos os sexos. A conclusão do estudo foi a mesma que os reexames da década 80: não há diferenças funcionais significativas entre os dois corpos calosos.

Mas… e a testosterona? Não somos meninas ou meninos desde o útero?

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O XVídeos pode causar… dependência??

Por Cristiane dos Santos Costa – Graduação em Ciência e Tecnologia – UFABC

“É isso mesmo que eu li?” – você deve estar se perguntando agora. E eu respondo: sim! É isso mesmo que você leu. O XVídeos, o RedTube, até aqueles sites podrecos de vídeos caseiros e banco de imagens pornográficas podem causar dependência.

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Por mais estranho que pareça, quando paramos para pensar no assunto logo percebemos que não é tão absurdo assim. O erotismo é algo natural no universo humano, por isso tanto homens quanto mulheres buscam estímulos sexuais de diversas formas e uma delas é a pornografia virtual. O que poucos sabem é que o consumo desenfreado de material pornográfico na internet pode viciar – sim, literalmente viciar – e ocasiona até mesmo alterações anatômicas no cérebro! Assustador, não é? A boa notícia é que existe cura e os riscos nem se comparam com vícios mais graves, como os relacionados a álcool ou drogas.

Mas para entendermos melhor essa história, precisamos saber mais sobre vícios e sobre o funcionamento do cérebro, especialmente os mecanismos de prazer, recompensa e emoções.

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