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por Leandro Faria Domiciano
Um período problemático, cheio de abusos e violência por parte de seu pai, um clérigo. Duas ocasiões de gravidez incestuosa interrompidas à força, inclusive com ajuda de sua mãe. Era assim que Beth Rutherford, aos 22 anos no estado do Missouri, narrava sua infância. Quando essas acusações se tornaram públicas, após aconselhamento de um membro da igreja local, o pai de Beth renunciou ao cargo na igreja e passou pela experiência da rejeição pública, o que talvez fosse merecido, se um exame médico na jovem não demonstrasse, mais tarde, que ela ainda era virgem e suas alegações não passavam de fantasias.
Pioneira no estudo das falsas memórias, a psicóloga cognitiva norte-americana Elizabeth Loftus afirma que mesmo nossas lembranças mais enraizadas, em especial aquelas a respeito de nossa infância, podem nem sempre ser coerentes com a realidade. A sugestão ou indução de informações por pessoas conhecidas, proposital ou não, a revisitação de lembranças antigas e outras práticas a que comumente estamos expostos pode implantar ou modificar dados em nossa memória. Segundo a especialista, essas lembranças sem base na realidade passam a ser mentalmente indistinguíveis de memórias verdadeiras, e a única maneira de confirmá-las ou desmenti-las é através de evidências físicas.