Sessão “O que é?” – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

Por Alisson Ortega

O TDAH é um distúrbio biológico relacionado ao sistema nervoso central. Neste transtorno são notadas alterações na região frontal do cérebro, bem como na sua comunicação com demais regiões do cérebro. Os principais neurotransmissores envolvidos nesta patologia são a dopamina e a noradrenalina.

Calvin

Estudos mostram carga genética relacionada a ocorrência do TDAH, ou seja, se os pais possuem este distúrbio a chance de os filhos apresentarem déficit de atenção é maior. No entanto o consumo de álcool durante a gravidez pode levar a alterações na região frontal do cérebro e pesquisas apontaram que mães que abusaram de álcool durante a gravidez tem maior probabilidade de dar a luz a filhos com sintomas do TDAH, como hiperatividade e desatenção.

Os sintomas gerais da patologia são a desatenção, hiperatividade e a impulsividade. Em crianças com TDAH normalmente os meninos são mais hiperativos e impulsivos, mas a desatenção é igual entre ambos sexos. As crianças não conseguem ficar paradas muito tempo em um mesmo lugar, principalmente os meninos, isso reflete problemas escolares, pois o aluno não foca sua atenção à aula em muitos momentos e pode errar questões simples por desatenção, além disso apresentam impulsividade, respondendo questões antes do momento apropriado ou não tendo paciência de esperar a sua vez.

Os adolescentes diagnosticados com este distúrbio possuem problemas de comportamento e adultos são esquecidos e inquietos, com dificuldades de organização e planejamento de tarefas diárias, além disso podem apresentar outros problemas associados ao TDAH, como uso de drogas ou doenças como ansiedade e depressão.

O diagnóstico em crianças e adolescentes é realizado por um médico, baseando-se nos sintomas, sendo que alguns desses sintomas devem estar presentes na criança antes dos 7 anos de idade e em pelo menos 2 locais diferentes, além disso esses sintomas devem atrapalhar, de alguma forma, a vida da criança, seja na escola ou em casa e pela verificação de comorbidades. No caso do diagnóstico de adultos alguns sintomas devem estar presentes, pelo menos, desde os 12 anos.

O tratamento do TDAH normalmente é feito com medicamento e terapia psicológica. Alguns dos medicamentos utilizados são estimulantes ou antidepressivos; entre eles se destaca, principalmente, o estimulante conhecido pelo nome comercial de ritalina.

Sessão “O que é?” – Neurotransmissores?

Por Alisson Ortega

Parte da comunicação entre neurônios ocorre por um tipo de moléculas especializadas, chamados neurotransmissores (NT), mas afinal o que são eles? São pequenas moléculas, na maioria das vezes, oriundas de proteínas e geralmente podemos encontrá-los em vesículas no terminal axonal (pré-sináptico) [para mais informações, leia o post “O que é o neurônio“.

neurotransmissores

Os principais NT conhecidos são Serotonina (5HT), Glutamato, Dopamina (DA), Ácido Gama Amino Butírico (GABA), Noradrenalina/Norepinefrina, Adrenalina/Epinefrina, Acetilcolina (ACh), além de peptídeos. Cada um desses neurotransmissores atua em locais específicos e causam reações biológicas únicas. Um único neurônio não possui todos os neurotransmissores dentro dele, mas apenas um deles, ou, em alguns casos, dois diferentes. Esses NT são liberados na fenda sináptica, para a comunicação entre os neurônios, e cada um se liga a um receptor específico no terminal dendrítico (pós-sináptico), como se fosse uma chave em uma fechadura. Após isto podem ser degradados ou recapturados pelo axônio pré-sináptico. Podemos notar dois efeitos principais pela ação dos NT, um deles é o inibitório, onde fica mais difícil se ativar o neurônio seguinte e o excitatório, onde o próximo neurônio é ativado.

Esquema ilustrando uma sinapse química
Esquema ilustrando uma sinapse química

Como já foi dito, os NT causam reações diferentes no organismo, as principais de cada um deles são:

  • A Serotonina atua no principalmente na modulação humor, percepção, ansiedade, agressão; Glutamato é o principal NT excitatório do sistema nervoso, é tóxico em grande quantidade, podendo causar morte celular, no entanto, em quantidades normais, é imprescindível no processo de memória;
  • A Dopamina atua no controle do movimento, em pacientes com Doença de Parkinson notamos uma diminuição da dopamina em regiões específicas do cérebro, também tem função na atenção e aprendizagem;
  • O GABA tem efeito inibitório sobre os neurônios e é o principal NT deste tipo no sistema nervoso;
  • Notamos liberação de Acetilcolina durante o sono REM (do inglês, Rapid Eyes Movement), mas também tem grande importância nos processos de aprendizagem e no movimento corporal;
  • A Adrenalina possui várias funções, entre elas se destaca a sua atuação nos batimentos cardíacos, pressão sanguínea, estados de atenção, nota-se também o aumento de adrenalina em casos de luta ou de fuga;
  • A Noradrenalina age no sistema nervoso autônomo, está envolvido no comportamento sexual e alimentar e também modula a liberação de outros neurotransmissores;
  • Já entre os peptídeos podemos encontrar a Endorfina, que age reduzindo a dor e o estresse, dentre outros neurotransmissores.

Sessão “O que é?” – Esclerose Múltipla (EM) e Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

Por Alisson Ortega

A esclerose é o endurecimento anormal de tecidos ou órgãos do corpo, devido a vários fatores, como a produção excessiva de tecido conjuntivo, por exemplo, no entanto existem diversos tipos de esclerose, veremos as que se destacam no sistema nervoso como a esclerose múltipla e a esclerose lateral amiotrófica.

Doing_the_ALS_Ice_Bucket_Challenge_(14927191426)

A esclerose múltipla acomete 3 vezes mais mulheres e a média de idade é baixa, acredita-se que ocorra devido a uma predisposição genética aliado a algum fator ambiental que ainda não é conhecido. Algumas células, conhecidas como células-T estão defeituosas, mas não manifestam durante muitos anos e, após a ação do fator ambiental, que pode ser uma infecção por vírus ou após o parto, estas células invadem o cérebro. Após isto temos uma infecção que ataca a bainha de mielina (responsável por isolar eletricamente o axônio de neurônios), com a destruição da bainha de mielina os neurônios perdem a capacidade de se comunicar corretamente, principalmente no cerebelo, e temos o surgimento de alguns sintomas, como problemas motores, sensitivos, cognitivos, dores, cansaço, depressão e apatia.

Atualmente existem várias pesquisas sobre a esclerose múltipla, no entanto ainda não foi encontrada a cura, porém alguns tratamentos são realizados de forma a minimizar ou retardar os sintomas decorrentes da patologia.

Esclerose multipla

A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma patologia neurodegenerativa que ataca neurônios motores laterais da medula espinhal o que leva a atrofia e fraqueza dos músculos, além disso é progressiva, ou seja, o paciente piora com o passar do tempo, mas funções mentais como a cognição permanecem intactas. A ocorrência da doença é baixa (menos de 2 a cada 100.000 pessoas), assim como na esclerose múltipla, aparentemente está relacionada com fatores genéticos e ambientais.

Atualmente a média de sobrevida após o início da doença é de 3 a 4 anos, no entanto existem casos de pacientes que vivem por muitos anos após o início da doença. Existem várias personalidades que foram diagnosticadas com ELA, os pacientes com maior destaque são o físico inglês Stephen Hawking, diagnosticado na década de 1960 e que ainda continua produzindo artigos científicos, outro caso é o do artista plástico brasileiro Marcelo Xavier, que continua escrevendo livros muitos anos após o descobrimento da doença.

Assim como na esclerose múltipla, a ELA não tem cura conhecida, mas vários estudos estão sendo realizados e alguns medicamentos já são utilizados para tentar aumentar a sobrevida dos pacientes. No ano de 2014 a norte americana ALS Association iniciou uma campanha na internet na qual a pessoa deveria tomar um banho de água fria na cabeça com o intuito de arrecadar fundos para pesquisas, no Brasil algumas entidades, como a ABRELA, Instituto Paulo Gontijo, e Pró-Cura promovem a mesma campanha. O fato de tomar um banho de água fria se relaciona com o que o paciente sente ao ser diagnosticado com uma doença atualmente incurável.